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Caminho Livre para a inclusão do Deficiente Visual

 

Como encontrar lugares nunca vistos?

Publicado em 17/09/2010 por Rosaura Louzzano em Turismo Adaptado com 9 comentários

Feche os olhos, procure imaginar lindas paisagens, lugares com arquiteturas de outros séculos da história da humanidade sendo vistos por um grande número de pessoas e todos ao seu redor comentando:
- Que lindo !
E você, que está ao lado, não consegue perceber o que se passa.

Certa vez, ouvi a seguinte estória:

Uma família viajava para Campos do Jordão, todos estavam tão encantados com a beleza da paisagem que não se cansavam de admirá-la.
No carro, a mãe entusiasmada falava: “ Que linda a estrada. . . A casinha lá no alto do morro parece de brinquedo!”

Ao chegarem à cidade o pai estacionou o carro e anunciou:
- Chegamos!
Ao entrar no hotel, a mãe mais uma vez falou:
- Este hotel é um luxo!
Todos os comentários foram feitos dessa maneira.

Passearam, se divertiram muito e logo chegou a hora de voltar para casa, quando chegaram, a mãe foi logo perguntando:
- Gostaram da viagem ?
O filho mais velho respondeu:
- Pra mim, foi como se tivéssemos saído de carro e voltado para casa, pois não sei dizer o que era lindo, como era o nosso hotel. nem a cidade onde estivemos.
Houve um momento de pesado silêncio.

O FILHO MAIS VELHO, ERA CEGO.

Muitas vezes nos preocupamos com as barreiras arquitetônicas e nos esquecemos de uma simples atitude, que é a de descrever todos os detalhes de tudo o que vemos, para aqueles que com esse simples gesto conheceriam o mundo através das palavras.

Em se tratando de viagens turísticas, quando deficientes visuais nos procuram para pedir informações de lugares que gostariam de conhecer, nos alertam para um “detalhe”:
- Precisamos “ver” um lugar que seja acessível .

Diante de nossa hesitação, outra pergunta é feita:
- Lugares assim, são comuns, não são?

Infelizmente não, e tão importante quanto a queda de barreiras arquitetônicas são as atitudes isentas de compaixão, mas repletas de uma visão de inclusão e de troca de experiências, que farão com que tenhamos uma qualidade de vida melhor.

Estou em busca não apenas de lugares arquitetônicamente acessíveis, pois estes, talvez, sejam mais fáceis de serem encontrados.

Quero, antes de mais nada, encontrar pessoas preocupadas em aprender quais são as nossas necessidades, fazendo de nossos passeios turísticos uma realidade prazerosa.

Então, onde estão e como chegar a Lugares Nunca Vistos?


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9 Comentários

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William disse em:

18/09/2010 - 12:49:57

É algo para todos refletir... Como é difícil não poder interagir com as outras pessoas, quanto se perde em contato, trocas tão únicas. As pessoas são diferentes para se completarem, é uma pena que muitos não conseguem perceber isso. É muito importante para quem não enxerga poder ter descrições de lugares, pessoas, objetos. Quem tiver oportunidade faça um curso de audiodescrição, é um recurso que possibilita que um as pessoas ampliem significativamente sua percepção do mundo e consequentemente dá um novo valor aos detalhes. de sua vida.


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Renato Tadeu Barbato disse em:

20/09/2010 - 10:49:53

penso ser muito importante a audio descrição para que possa ser aumentada a acessibilidade aos locais turísticos para os deficientes visuais.
Mas também penso que além da audiodescrição é necessária a conscientização das pessoas ao nosso redor, senão vejamos:
No caso exposto pela Rosaura a falta de descrição ocorreu no seio da própria família e no caso apresentado o mais grave é que o próprio deficiente visual não manifestou a necessidade para os seus familiares da adoção deste recurso.
Então penso que a audio descrição deve ser incrementada, mas o deficiente também deve expor os seus anseios, desejos e necessidades para que as pessoas que os cercam e enxergam possam compreender-nos.


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Rosaura Louzzano disse em:

21/09/2010 - 16:02:43

Concordo com Willian e Renato sobre a importância da audescrição, mas acredito que uma maior reflexão sobre o assunto deve ser analizada,
Sempre falamos numa sociedade mais inclusiva, mas analizando um pouco as famílias , como interagem com o deficiênte visual que está ao seu lado.
Falamos em técnicas de acessibilidade mas devemos nos preocupar em primeiro lugar com aceitação, concientização, proteção é neste sentido que também devemos ter um olhar reflexivo..
´


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Marines Cristina Almeida disse em:

22/09/2010 - 23:33:39

Pois é!!!Sei como esse garoto se sentiu, pois passei por isso dentro de minha propria casa, em certo dia em que estava reunida com meus familiares assistindo um filme e qdo não conseguia enxergar as cenas eu perguntava o que estava acontecendo pois com minha baixa visão e ainda flutuante?!! eu perdia varias cenas e em dado momento indaguei a minha filha o que estava acontecendo e ela respondeu:Nada de interessante quando acontecer alguma coisa importante eu falo...? E ainda tem mais o resto da turma reclamavam que eu não parava de pergurtar!! E eu que adoro filmes...! Mas agora com a audiodescrição!!!! Uma parte dos nossos problemas estarão se resolvendo!!! Deus ilumine á todos!!! E tem mais, meu primo me deu um soco qdo gritei gol toda feliz junto com o locutor e era gol do adiversário rsrsrs!!! Ele corintiano roxo me obriga a somente gritar gol qdo ele manda e ainda conta essa história para todo mundo!!! È triste mas engraçado!!!


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Irene de Barros disse em:

25/09/2010 - 16:09:20

É engraçado como no final das contas, percebemos que todos, de um jeito ou de outro, passamos pelas mesmas coisas. A grande diferença é como o "outro" recebe ou lida com isso, ou seja, como os que estão à nossa volta lidam com as nossas limitações, e é aí que percebemos que é essa Atitude que faz toda a diferença em nossas vidas.

Por isso, penso eu, que essas histórias devam vir a público, primeiro, para que pessoas que passaram pelas mesmas coisas que o garoto da estória acima, percebam que não estão sozinhos e segundo, pra que todos tenham a oportunidade de refletir sobre tais situações e assim se posicionar diante da vida e daquilo que nos diz respeito, seguindo, essa linha de pensamento, acho que aqui cabe um questionamento: o que estamos fazendo pra termos atividades turísticas mais acessíveis a nós?


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REGINA CÉLIA disse em:

26/09/2010 - 22:36:34

Muito boa a abordagem da colega rosaura e o comentário do colega Renato é muito propício.Acredito que ninguém quando sabe que vai ter um filho deseje que ele tenha deficiência e sim justamente o contrário, ou seja que ele tenha muita saúde e seja perfeito. Então quando uma família recebe um deficiente de nascença, infelizmente, mesmo como nos casos de qualquer filho, este também não vêm com manual de instrução. A família muitas vezes não sabe como lidar com as dificuldades de um filho ou parente deficiente e também o deficiente ou a pessoa com deficiência também não sabe ou não conhece as formas de superar as dificuldades peculiares de cada deficiência. No caso do deficiente visual, muitas vezes a família não tem consciência da necessidade de descrever o máximo possível o que acontece em redor dos ambientes que a pessoa com deficiência visual está presente. É com a convivência com a deficiência visual e suas eficiências ou formas de superar as limitações que nos é imposta que descobrimos maneiras de orientar aqueles que convivem conosco como nos orientar e informar. A família, os amigos e colegas, e também o próprio deficiente visual vai descobrindo através de ensaio e erros muitas vezes, como ultrapassar barreiras e superar limites. Vai dando aquele jeitinho para equiparar o desenvolvimento de suas atividades no dia a dia. Existem níveis de deficiência visual e muitos não sabem disso, por isso para cada pessoa com deficiência devemos descrever um nível de coisas.
Ocolega Renato diz que apessoa deficiente não soube cobrar sua áudiodescrição no caso do exemplo citado por rosaura, mas será que todo deficiente sabe até mesmo cobrar suas formas de acessibilidade? Ele sabe tudo que lhe é oferecido de forma acessível? E quando a pessoa se torna deficiente depois de uma certa idade, por vários motivos, como lidar com essa nova vida? Acredito que a inclusão através de métodos de acessibilidade como é a áudiodescrição, é uma questão de orientação e educação social que está muito perto de se tornar universal, como é por exemplo, os meios de transporte público, que é uma questão de serviço governamental.


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Renato Tadeu Barbato disse em:

27/09/2010 - 10:47:21

Nesta semana fui assistir o filme "NOSSO LAR".
Só entendi corretamente porque anteriormente eu já havia lido o livro, caso eu não o tivesse lido com certeza eu entenderia muito pouco do enredo do filme.
No mesmo dia passei pelo shopping com a garota que estava comigo e resolvi fazer a experiência.
Não pedi que ela descrevesse onde estavamos passando pelos corredores do shopping e me senti como o garoto da matéria da Rosaura.
Não sei por qual loja passamos, quais os produtos expostos, etc...
Depois de algum tempo cheghei a conclusão que realmente nós é que precisamos expor o que necessitamos, porque assim que expliquei para ela que eu não estava entendo nada e disse o que ela precisava fazer, ela começou a descrever por onde passávamos e comecei a aproveitar o passeio e não houve resistência nenhuma por parte dela que se sentiu até feliz por estar colaborando.
É claro que eu sou uma exceção quanto a ser cobaia de minhas próprias experiências, mas reafirmei a minha posição de que além do auxílio das outras pessoas precisamos começar a nos ajudar e a querer sermos ajudados.
Um grande abraço.
PAZ E LUZ.
Renato Barbato


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William disse em:

28/09/2010 - 13:02:03

A Inclusão favorece a toda a sociedade, é uma pena que as pessoas não perceberam isso. Mas, temos a esperança que aos poucos vai ocorrer estas mudanças tão esperadas.


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marly solanowski disse em:

05/10/2010 - 23:06:16

Muito interessante esse texto da Rosaura. Lembrei de um passado quando enxergava, gostava muito de ler mas tinha rejeição aos trechos de literatura descritivos. Fugia deles como o diabo da cruz por achá-los enfadonhos, tendo pressa para ver a solução das tramas. Quanta diferença nos dias de hoje! Com cegueira total fico na torcida para que me descrevam o que ocorre em meu entorno. Hoje agradeço a existência de uma nova profissão que me permite não perder imagens, sejam turísticas, sejam as ligadas ao teatro, cinema, livros, etc. A história daquele menino faz parte de todos nós. Ouvi com atenção todos os comentários dos amigos, por sinal, muito interessantes, o que me leva a pensar que um trabalho educacional em processo permanente com a inclusão não pode descartar a educação do deficiente e seus posicionamentos onde a audiodescrição é imprescindível, mas também a educação do vidente para com as nossas dificuldades torna-se essencial. Cada lado fazendo a sua parte cria uma inter-relação que faz crescer essa inclusão. Abraços a todos ach-



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