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Caminho Livre para a inclusão do Deficiente Visual

 

Como é a acessibilidade na Reatech 2011?

Publicado em 17/04/2011 por Irene de Barros Pereira em Acessibilidade com 9 comentários

Iniciando descrição da imagem...Foto mostra um dos corredores da Reatech. A foto destaca o piso tátil da feira que não percorre todo o corredor. Iniciando texto principal...

A Reatech é uma feira internacional que se propõe a expor tecnologias através de produtos para pessoas com deficiência. Mas e aí, ela em si é acessível? Será que as pessoas com deficiência chegam à ela com facilidade?

A minha primeira ida à essa feira, acho que em 2008, foi de absoluto deslumbramento. As novidades eram tantas que pude perceber que tanto para mim, com deficiência visual, como para aqueles que têm outras deficiências, havia uma infinidade de novas possibilidades de inclusão por meio das tecnologias que facilitam tal processo. No entanto, algumas feiras depois, e mais madura na própria deficiência, tenho que olhar esse evento com outros olhos.

A proposta desse artigo é fazer um comparativo entre a minha ?primeira vez? e a minha ida mais recente à Reatech que foi agora no dia 14 de abril de 2011.
Houve mudanças? Se houve, o que mudou?

Transporte até a feira

Da primeira vez, fui informada que haveria Vans saindo do metrô Jabaquara que me levaria até o local da feira. E eu acreditei! Pois bem, descobri da pior maneira possível, que haveria Vans, mas que as mesmas estavam saindo algumas quadras de distância do metrô. E eu continuei acreditando que eram só algumas quadras.

No trajeto entre a estação do metrô e as Vans, tive que passar por uma rua esburacada, e que mais parecia uma ribanceira. Em alguns trechos a calçada era intransitável, me obrigando a ir pela rua. Nesse momento eu pensei: Como é que um cadeirante faz para passar por aqui? Uma coisa é certa: ?nessa ladeira, pelo menos o cadeirante chegará primeiro do que eu, isto é, se ele não for atropelado por um carro no próximo cruzamento que não tem farol. Nota para acessibilidade nesse processo: 0

Passando por essa aventura inacessível, enfim, cheguei à Van, só que não tinha visto literalmente o tamanho da fila. Aí eu já não sei se a fila estava grande porque tinha muito deficiente, se faltava organização, ou se as Vans não estavam em número suficiente.
Até tentei passar na frente de todo mundo com o argumento de ser deficiente , mas não sei porque não deu certo! Quanto à Van propriamente dita e o motorista não tive problemas. Nota para esse processo: 5

Transporte em 2011

Gente, dessa vez as Vans da Atende estavam no terminal de ônibus Jabaquara, pra quem não conhece, ele fica ao lado da saída do metrô Jabaquara. Foi lindo! Mas, pra quem quisesse se aventurar, o outro trajeto, aquele lá de cima, também estava funcionando do mesmo jeito. Grandes emoções ao gosto do cliente! Nota para o transporte da Atende e dos funcionários que nos ?atenderam?:10

A feira: da primeira vez

Ao sair da Van, fiquei parada até que alguém viesse até mim e me oferecesse ajuda. Não havia piso tátil na entrada, mas havia um grande tapete vermelho, como sinal de boas vindas. Pra que o piso tátil se tem um tapete vermelho lindo?

Depois de passar pelo tapete vermelho (me senti na entrega do Oscar), lá dentro, havia voluntários que ofereciam ajuda aos visitantes deficientes. Percebi na abordagem que me foi feita, que o voluntário era totalmente despreparado. Mas tenho que admitir, eles eram educados, gentis e com muito boa vontade. Percebi na época, que ir a Reatech sem acompanhante, seja ele voluntário da feira ou um amigo seu, fica muito chato e você não curte nem 10% do potencial que o evento oferece.

Ao passear pela feira com meu acompanhante, notei que havia piso tátil entre os corredores, achei isso bom, até perceber que o mesmo não levava a todos os lugares. UM ponto positivo é que o piso era bem contrastante em relação ao chão. O ponto negativo é que não havia piso tátil em todos os corredores. Nota para o piso tátil: 5

A feira em 2011

Quanto ao piso tátil, eu só faltei perguntar: ?cadê o piso tátil gente??. Ele continua do mesmo jeito, continua contrastando com o tapete vermelho (que tapete lindo!) mas ainda não nos leva a todos os lugares, então, o melhor ainda é fazer uso de um acompanhante. A nota para o piso tátil continua a mesma: 5

E quanto aos voluntários, estão mais à mão, ou seja, já são acionados com maior rapidez. Eles me pareceram mais preparados, mas não posso afirmar com convicção, pois não usei o serviço deles desta vez, por issso mesmo conto com você, amigo internauta para nos contar como foi a sua experiência com eles e assim poder dar uma nota justa para esse serviço.

Pra mim, fica claro que o deficiente precisa se comunicar, colocar para o seu acompanhante a necessidade dele fazer a descrição do ambiente e dos estandes. Dessa forma o deficiente visual fica inteirado dos estandes que lhe interessam, enquanto que com essa prática o seu acompanhante, no futuro quem sabe, possa ser um bom audiodescritor.

Conclusão

Minha impressão sobre o evento diante deste comparativo, é que todos, estão caminhando no mesmo sentido, o que é ótimo, pois desse modo todos ganham, quem quer vender, quem precisa comprar e quem quer aprender. Informação, educação, acessibilidade, tecnologias assistivas, de reabilitação, de inclusão e acessibilidade, além é claro da acessibilidade atitudinal, tudo está englobado na feira e tudo ao que parece tem melhorado, às vezes a passos lentos, mas nós, os mais interessados temos que fazer nossa parte e assim, as coisas vão se ajustando.


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9 Comentários

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rosa maria de rezende disse em:

18/04/2011 - 20:17:00

LiLi o comentário da irene. e ela tem razão.


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Irene de Barros disse em:

21/04/2011 - 19:06:44

Olá, pessoal
Oi, Rosa, tudo bem com você? Que bom que visitou o site e que se dispôs a deixar um comentário.
Gostaria de pedir, se você puder é claro, para ser mais específica quanto ao comentário em questão, pode ser? Às vezes, eu sou meio lenta pra entender as coisas. De qualquer modo, fico feliz em ver as pessoas se manifestando, esse espaço é pra isso, então vamos aproveitá-lo.
Grande abraço.


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marly solanowski disse em:

22/04/2011 - 18:20:47

Olá pessoal, concordo com Irene em alguns pontos: da van até a entrada da feira ainda sem acompanhante não dá. O piso tátil fica com a mesma nota pois ele não se encontra em todas as ruas da feira o que impossibilita que um deficiente visual seja mais independente. não encontrei voluntários treinados ou informantes para indicar onde se situavam os stands. concordo que é preciso mesmo um audiodescritor como acomanhante pois senão, aquele que tem cegueira ou baixíssima visão fica a ver navios também ensurdecido pelo barulho grande que existe na feira. Ponto positivo: quando me deparava com alguém que estava atendendo em alguns dos stands que percorri, a solidariedade foi imensa das pessoas que ali estavam a trabalho, demonstrando seus produtos, então, o atendimento ao cliente pelo menos no meu caso foi muito bom. Sabemos quetrata-se de uma feira onde há comercialização de produtos e onde o dinheiro está envolvido. Mesmo assim, senti muita aproximação das pessoas que me atenderam, incluindo até cafezinho. As vans funcionaram bem como Irene descreveu, estando presentes logo na saída do metrô. Então, precisamos realmente da avaliação de quem tem deficiência visual ou de qualquer outro tipo a fim de que a reatec em 2012 dê mais passos para avançar no atendimento à deficiência visto que a tv globo anunciou ser ela a segunda maior feira de reabilitação tecnológica do mundo e onde alguns jornais transmitiram ser ela também a primeira feira mais importante da américa latina. parabéns a todos do movimento livre que dela participaram. grande abraço da marly.


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Alessandra Leles disse em:

25/04/2011 - 20:21:45

Oi Irene! Parabéns pela matéria! Foi ótima a ideia de comparar a feira do ano passado com a deste ano, aproveitar um espaço como este para avaliar a feira, discutir o tema e principalmente ir até lá, é literalmente um passo importante!
Sou vidente e para mim foi uma experiência inesquecível! Exemplos de superação e de ação deixaram-me com vergonha, como sou deficiente! Conhecí pessoas e histórias de vida que mudaram e ampliaram meus conceitos e minha "visão" sobre a vida! Irei na próxima e convidarei meus amigos.


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Ricardo De Melo disse em:

26/04/2011 - 00:12:29

Oi Irene, muito bom você tocar nesse assunto.

A Reatech é sem dúvida um grande evento, mas possui problemas em vários níveis. Um dos caminhos para resolver esses problemas de inacessibilidade é expô-los, assim como você fez, e assim, quem sabe, teremos uma Reatech beirando a perfeição.

continue assim...


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Fábio disse em:

27/04/2011 - 13:10:36

É um grande contraste.
Uma feira que possui grandes recursos tecnológicos, mas que não possui um piso tátil completo.
Isso nos deixa com um ponto de interrogação em nossas mentes.
Mas podem crê que está valendo a pena. Participei da primeira feira, muitas coisas evoluiram e estão bem melhor. Os deficientes sofriam um pouco mais.
Com este tempo todo fica para mim uma questão. Não sei se alguém pode me responder?
Será que tem a participação de deficientes na montagem da feira?

Parabéns pela artigo sobre a Reatech.

Fábio - Movimento Livre


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Irene Poeta disse em:

01/05/2011 - 11:03:31

Olá, pessoal.

Meus queridos, obrigada por se pronunciarem, essa é uma das principais metas desse site e do Movimento Livre, que todos nós tenhamos voz e vez.
Nesse artigo em particular, a intenção é a de trazer para a reflexão o que é bom e o que pode ser mudado, como bem disse o Fábio, muito já foi mudado e nós sabemos que o que precisa ser mudado, não requer grandes recursos tecnicos, pois eles já estão lá, só precisam ser bem susados e nem tampouco a infeção de muito dinheiro, pela mesma razão que acabei de apontar. Não há necessidade de grandes elaborações, mas sim de se usar o que já existe e melhorar, ou implantar.

Sem dúvida, nos pronunciarmos e apontar o que percebemos de ruim se faz necessário, pois essa é nossa obrigação para que tão importante evento se torne cada vez melhor e é claro, não podemos deixar de apontar o que há de bom além da Feira em si, afinal esse também é nosso papel, caso contrário, coisas como braille mal escrito como o que havia por lá, continuarão sendo mal escrito e isso não pode acontecer.

Se governo federal se propõe a fazer um trabalho que seja acessível, ele tem que fazer bem feito, não dá pra dizer a ele que apesar de não estar bem feito, "que bom que ele fez", isso não existe, talvez pudesse se admitir tal engano, caso não houvesse braille bem feito no Brasil, o que não é o caso, graças a Deus, então, ele, governos federal tem obrigação de quando se propuser a fazer ações, fazer bem feito.

Fazer mal feito pra ele, é no mínimo vergonhoso, pois demonstra que ele não sabe o que existe, não sabe fazer e pior, não sabe se quer escolher gente competente para fazer.

Muito obrigada pelos comentários e grande abraço a todos


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Renato Barbato disse em:

08/05/2011 - 17:09:57

Olá para todos.
Infelizmente o que o Fábio coloca é uma realidade.
Os deficientes não são consultados em nenhuma tomada de decisão com relação a sua própria acessibilidade e as decisões são tomadas com base na opinião ou dos deficientes físicos ou dos videntes.
Afirmo isso porque participei de uma reunião da C.P.A. - Comissão Permanente de Acessibilidade e vi que tudo o que é falado é com base no deslocamento deuma cadeira de rodas.
E também fiquei sabendo queestá para ser publicada uma norma a respeito do piso tátil e quenenhum dos deficientes que eu conheço sabia da elaboração dessa norma tão útil para nós e sem a nossa participação.
Então como poderemos ser independentes?
Será que querem que sempre fiquemos dependendo de alguém para nos deslocarmos pelacidade?
Certamente na feira os organizadores colocaram o piso tátil e ficaram felizes porque o piso estava lá sem se preocupar se estava cumprindo a sua função.
Penso que para mudarmos isso precisamos nos posicionar e podemos começar contatando a ABNT para que essa norma sobre piso tátil seja revista antes mesmo de entrar em vigor, senão teremos que sempre correr atrás do prejuízo, ou melhor da boa colocação do piso tátil.
Neste ano eu não fui, na feira, mas em 2010 o piso tátil não levava a lugar algum, tanto que precisei constantemente de acompanhante, o que pelo jeito não mudou.
E para mim que gosto de ser totalmente independente, isso é uma tortura chinesa.
Espero que chegue logo o dia que esses senhores e senhoras vejam que não é só colocar o piso para estar politicamente correto, que para mim é sinônimo de hipocrisia, mas que seja colocado para atender com eficiência o deficiente visual.
Um grande abraço.
PAZ E LUZ.
Renato Barbato


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Hilton Sanchez Lopes RJ-RJ disse em:

04/09/2011 - 11:23:51

Sou cadeirante e isso faz 1 ano e dois meses. A partir de entaõ comecei a estudar as questões que envolvem a acessibilidade. Venho tomando consciência de que dispomos de muitos recursos técnicos e de leis, porém de pouca vontade política para tratar das questões. Estou desenvolvendo novas idéias para interferir no poder público , com propostas que venham a viablizar as mudanças necessárias no mobiliário urbano. Sei que a luta não é fácil,mas não vou esmorecer. Adorei os comentários,entre em contato. Obrigado, Abraços Hilton.



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