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Caminho Livre para a inclusão do Deficiente Visual

 

Como deve ser a acessibilidade em escolas e faculdades para atender o deficiente visual?

Publicado em 24/05/2011 por Irene De Barros Pereira em Acessibilidade com 11 comentários

Quando se fala ou pensa em acessibilidade, normalmente o foco dessa acessibilidade está voltado para os deficientes físicos e suas respectivas necessidades como rampas de acesso e elevadores. Quando se pensa na acessibilidade em escolas, faculdades e instituições de ensino, de modo geral o pensamento sobre acessibilidade não muda muito.

Nesse artigo tentarei mostrar o que é necessário para atender um aluno com deficiência visual, em relação a acessibilidade, nas escolas e faculdades. É importante ressaltar que não sou arquiteta e que as sugestões feitas por mim no decorrer desse artigo, são uma mistura de experiência pessoal e de conversas de amigos que passam por dificuldades diárias de acessibilidade em instituições de ensino.

Lei de Acessibilidade

Objetividade, é só isso que o mundo de hoje quer de nós, não é mesmo? Que assim seja. A lei de Acessibilidade, garante aos deficientes, ou pessoas com necessidades especiais, algumas coisas, como atendimento preferencial e assentos preferenciais.

Esses, são talvez, os direitos mais conhecidos pela população em geral. Entretanto, ela (a lei), vai muito além. Isso, pra não falarmos de respeito ao diferente, à pessoa humana. Está pensando que já ouviu isso antes, não é mesmo? É claro que já, com o nome de Acessibilidade Atitudinal.

Mas, como o ser humano nem sempre sabe usar esses valores, precisamos de leis que nos garantam condições mínimas de igualdade. Sendo assim, vamos ao que interessa.

Se começarmos pela parte arquitetônica, as escolas, faculdades e a bem da verdade, toda e qualquer instituição, pública ou privada, precisam antes de qualquer coisa, dar acesso aos deficientes.

Leitura complementar: Lei de Acessibilidade (nº 10.098) e Legislação e Lei de Cotas

Acessibilidade no em torno da escola ou faculdade

Ora, pode-se começar com um...

  • Semáforo sonoro: são faróis de trânsito com aviso sonoro, que auxiliam a travessia de deficientes visuais. Quando o farol está verde para o pedestre e vermelho para o motorista, ouve-se bipes intermitentes. Com esse recurso de acessibilidade o deficiente visual tem maior autonomia na travessia de ruas e avenidas;
  • Calçadas: sempre que possível, mantenha a calçada em boas condições. Evite obstáculos que dificultam ou impedem a circulação do deficiente;
  • Piso tátil: coloque-o no entorno da instituição, se isso não for possível, ele deverá estar a partir do ponto de ônibus ou do farol mais próximo até a instituição.

Acho que aqui pode ser feito uma pergunta: a quem cabe implantar essas ferramentas de acessibilidade? A quem recorrer, às instituições, a prefeitura ou a ambos? É uma pergunta que não sei responder, você sabe, então informe aos pais e alunos que tanto precisam saber.

Acessibilidade dentro da escola ou faculdade

Assim como no entorno da instituição, a acessibilidade deve-se fazer presente também dentro da mesma. Abaixo segue uma lista com itens relacionados à acessibilidade e material didático:

  • No(s) primeiro(s) dia(s) de aula, encaminhe o deficiente visual às dependências do prédio para que ele possa se ambientar ou se familiarizar com a escola;
  • Piso tátil dentro da instituição é obrigatório e essencial. Assim como no item anterior, encaminhe o deficiente visual à todas as áreas que possuam pisto tátil para uma familiarização. Isso é regra, não é favor!
  • Piso de alerta e identificação de degraus nas escadas;
  • Elevador com aviso sonoro de andar, caso haja mais de um;
  • Inscrições em braille em todos os ambientes, na lateral das portas e, tanto quanto possível, inscrições ampliadas e com contraste. Não esqueça, a maioria dos deficientes visuais, não é cega e sim, baixa visão;

Como é difícil atender a necessidade dessa grande maioria (deficientes visuais com baixa visão), pois são necessidades diferentes, então, o melhor é atender o que há de mais comum entre nós, ou seja, a maioria, necessita de contraste, assim como os idosos, os míopes, etc.

Uma vez dentro da sala de aula, , os deficientes visuais precisam de ferramentas para poder acompanhar as aulas. A principal delas, tem um nome bem conhecido, mas tão pouco usado que até dói na alma.

RESPEITO, já ouviu falar, eu sei, pois é, vou soletrar pra que não haja dúvida,
R ? E ? S ? P ? E ? I ? T ? O. Respeito!

Sei, você deve estar se perguntando, endoidou de vez mulher? Eu explico. Onde há respeito, as coisas são feitas naturalmente, ou seja, assim como é impossível para um aluno dito "normal" aprender sem que haja o mínimo como: banheiros, refeitórios, salas, bibliotecas, carteiras, computadores, etc, é necessário que haja material ou ferramentas adequadas para o aprendizado e portanto a inclusão do deficiente visual.

Voltando para a sala de aula, o aluno com deficiência visual precisa de:

  • Material em Braille: para quem não sabe, há um jeito correto de se imprimir o braille, caso contrário fica muito ruim e assim, nem mesmo quem for super, ultra fluente consegue lê-lo;
  • Material em áudio: hoje em dia todo mundo já conhece os áudio livros e os livros falados; não é mesmo? São livros cujos textos vêm narrados;
  • Material em tinta: ampliado na fonte, estilo e tamanho que o aluno precisa, (há três anos atrás, eu lia com tranqüilidade textos na fonte Arial, estilo Negrito e no Tamanho 14, hoje, o tamanho pra mim, tem de ser 22);
  • Ampliadores de textos: existem vários tipos no mercado, sua função é a de ampliar textos e imagens através de um monitor que pode ser de tv ou computador, além de permitir tamanho e contraste diferentes, é ótimo;
  • Leitor de telas: ele é específico para o uso em computadores, sua função é a de ler os textos do computador para o usuário, inclusive textos da internet;
  • Gravadores digitais ou analógicos: para gravar o conteúdo das aulas.

Leitura complementar: Ferramentas usadas na alfabetização do deficiente visual.

Da acessibilidade arquitetônica aos nossos direitos

Estas ferramentas não são bichos de sete cabeças e não são favores, são regras básicas da inclusão, da igualdade, do respeito ao diferente e das necessidades que nós temos.

Respeito àquele que contra todas as suas dificuldades, quer fazer o que todo mundo faz, coisas para às quais temos capacidade, vontade e determinação. Aliás, é preciso ser muito determinado, pois além de toda situação que por si só, já é bem difícil, temos de conviver com o fato de que a maioria das pessoas, pensam que disponibilizar tais ferramentas ao deficiente visual, é favor.

O que incomoda profundamente, é que essa mentalidade, não admite que temos o direito às ferramentas e ao auxílio, principalmente dos serviços públicos e privados. E não porque sejamos coitadinhos, mas por uma questão de justiça e segurança.

Lembro-me de uma história, onde um aluno era carregado pelas professoras e pela mãe, por não poder andar. A escola tem dois prédios e ele só ia a um deles por ser difícil de carregá-lo para o outro prédio, pois o acesso só se fazia por escada e assim, ele não podia participar de muitas atividades. A mãe cansou de pedir que fizessem uma rampa de acesso para o outro prédio e a resposta era sempre a mesma: "é inviável". Até o dia em que "alguém" orientou a mãe e esta não teve dúvidas, foi ao Ministério Público e fez a denúncia.

O resultado, é que de uma hora pra outra, a prefeitura que até então não tomara providências, alegando inviabilidade, arranjou um jeito de fazer a rampa que garantiu ao aluno, acesso aos dois prédios da escola. Isso é um fato verídico, a escola fica no ABC Paulista.

Vamos então tomar conhecimento daquilo que nos cabe e transformar nossa história, se não por nós, pelo menos por aqueles que estão vindo e ainda não sabem por onde começar. Eu tenho fé na capacidade de transformação das pessoas, o que falta é informação e união, afinal, uma andorinha sozinha, não faz verão.


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11 Comentários

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Ricardo De Melo disse em:

28/05/2011 - 21:07:58

Oi Irene, tudo bem?

Muito bom você fazer esse levantamento do que um deficiente visual precisa nas escolas em relação à acessibilidade. Para professores, educadores e arquitetos, penso ser um bom pontapé para adequar suas instituições e para o deficiente visual é um ótimo guia de como, quando e onde buscar seus direitos.

Todos saem ganhando!

Beijos


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Alessandra Leles disse em:

01/06/2011 - 10:28:51

Muito bem Irene!

Infelizmente presenciei outro fato semelhante, na faculdade também na região metropolitana do ABC paulista. Foi necessário que os pais do aluno neste caso, cadeirante, recorressem aos meios legais, para que, a instituição temendo o processo judicial, providenciasse o elevador e as rampas.
No entanto, o aluno, ficou limitado aos locais para acesso ao prédio em que ele estudava, impedindo-o de ter acesso aos demais locais do campus. Além do desrespeito, foi cerceado o direito à integrar-se com outros colegas e aos demais equipamentos da universidade.


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Irene "Poeta" disse em:

05/06/2011 - 19:15:10

Olá a todos

Olá, meninos, sei bem do que está falando, Alessandra, pois no caso deste artigo, o garoto pode integrar-se, o que foi ótimo. Mas é o fim da picada as barbaridades que se vê por aí.
Quanto ao que voê coloca, Ricardo, acho que é bem por aí. Precisamos nos apropriar daquilo que no diz respeito e fazer valer os nossos direitos e como você bem coloca, esse artigo dá uma noção de como iniciar os passos, dá algumas diretrizes, o resto... só fazendo mesmo.

Beijos,


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Rosane Bragança disse em:

07/06/2011 - 15:09:41

Irene, parabéns pelo seu artigo!
Seu modo de escrever é simples, sendo assim, facilita a compreensão dos leigos no assunto.
É preciso divulgar este trabalho para que mais pessoas tomem consciência da necessidade de espaços mais acessíveis a TODOS.
Sempre dá para melhorar.
Um abraço.


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Marly Solanowski disse em:

24/06/2011 - 23:34:37

Muito boas suas colocações Irene!
Quando você faz uma interdependência entre acessibilidade e escolas ou faculdades você toca implicitamente no fenômeno da Educação.

Penso ser esse o ponto fundamental que poderá fazer avançar essa acessibilidade nas instituições públicas ou privadas que se pretendem educacionais. Seria o caso então, de reforçar o processo educacional nesses locais, incluindo não somente os professores ou educadores que sempre são o alvo daquilo que não funciona, mas também não esquecer de toda uma rede de funcionários desas instituições que atuam nos bastidores e que precisam também serem educados com relação às deficiências.

O processo educacional pela inclusão já é demonstrado no momento em que seabrem as portas de uma instituição onde se houver um funcionário habilitado, já haverá demonstração de que a partir dali começa a inclusão social seja do vidente ou do deficiente. Então por que não fazer avançar as palestras, cursos, treinamentos e workshops que envolvam toda essa rede institucional no sentido de criar um ambiente inclusivo propiciando melhor qualidade de vida a fim de que acessibilidade cruzada com educação vinguem? Outra sugestão é a de que as pessoas que têm baixa visão em seus variados níveis e os cegos, poderiam também exercer sua cidadania demonstrando que conhecem seus direitos, percebem suas necessidades e trabalham para vê-las atendidas. A educação como a entendemos, significa fundamentalmente aquisição de novas aprendizagens e esta deve ser implantada tanto para deficientes quanto para videntes por que, ao fim e ao cabo ser um cidadão e exercer cidadania não pode depender de qualquer fator físico que delimita uma pessoa visto que ela possui globalidade e deve exercer sua integridade independentemente de suas limitações

Então, acredito que uma educação para a acessibilidade em seus múltiplos níveis deve ser repensada, planejada e implantada. Grande abraço da Marly.


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Irene Poeta disse em:

06/08/2011 - 22:00:43

Ola, pessoal!

Rosane, obrigada pelas palavras e é por acreditar que a divulgação das informações é essencial para a Acessibilidade daqueles que dela necessitam, que nós do Movimento Livre estamos aqui, dentro do possível é o que temos feito e ter o retorno de vocês muito nos ajuda. Mais uma vez obrigada.

É, Marly, as palestras iriam de encontro a essa educação à todos que estão nas instituições e lidam direta ou indiretamente com o deficiente. Acretido que esse é sem dúvida um dos caminhos, você sabe que é desejo do Movimento Livre atuar nessa área, exatamente como esse propósito. Estamos nos organizando pra isso, você será a primeira a saber quando, está bem?

Abraço a todos


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PAULO FELICIANO DA SILVA MOTA disse em:

30/09/2011 - 21:19:36

Prezados amigos,

Sou coordenador do projeto Colega Legal na Unisuam, Centro Universitário Augusto Motta, é uma iniciativa para criar subsídios para que alunos com deficiência visual possam acompanhar os conteúdos na universidade. Nesse projeto, alunos voluntários gravam livros e apostilas no estúdio de rádio, auxiliam em pesquisas e formatação de textos. Além disso, a universidade oferece um equipamento adaptado para cegos, um computador com leitor de tela, em que o que é escrito é falado aos alunos.

Desejo conversar a respeito de aplicação de provas para cegos. Como vocês fazem?
É com ledor? Computador? Oral com o professor?
Vamos trocar experiências?


Prof. Paulo Mota
Colega Legal -
http://www.youtube.com/watch?v=mSD3wqdBa38&feature=related

UNISUAM - Centro Universitário Augusto Motta


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Irene Poeta disse em:

29/10/2011 - 11:06:22

Olá, pessoal!!!
Que prazer tê-lo conosco professor Paulo. Devo dizer que minha satisfação é ainda maior em saber do traalho feito na usniversidade em que trabalha, o que mostra que apesar dos avanços da instituição o que é maior é a Acessibilidade Atitudinal que neste caso envolve alunos voluntários. Que maravilha!
Quanto a sua questão específica, devo dizer que isso depende de cada pessoa, eu quando faço provas para concurso público peço um ledor, mas tenho pensado na possibilidade de usar o computador, pois nos dá uma atutonomia maior além de privacidade, mas isso vai da afinidade ou tranquilidade que cada um tem em usar este ou aquele recurso, o importante é oferecer as opções e dentro do possível familiarizar o aluno com todas elas.

Vamos trocar experências, só assim crescemos.

Grande abraço


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Sopa de Números na Educação Inclusiva disse em:

18/11/2011 - 14:52:54

Olá, professor Paulo, tudo bem?
No nosso blog (www.sopadenumerosecalculos.blogspot.com) temos uma série de postagens relativas à questão do deficiente visual na universidade! Além disso, estamos à disposição para contatos e esclarecimentos que o sr. porventura necessite, para desenvolver seus trabalhos acadêmicos.
Um abraço!


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Sopa de Números na Educação Inclusiva disse em:

18/11/2011 - 14:52:57

Irene, seu texto está ÓTIMO!!!

Você disse TUDO o que precisava, para que a acessibilidade a deficientes visuais seja garantida. Agora vamos torcer para que as pessoas "ditas normais" (risos) finalmente se conscientizem, sensibilizem e respeitem o pessoal que é cego ou com baixa visão!!!

Abraços!


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Irene Poeta disse em:

11/12/2011 - 18:06:45

Olá, pessoal!!!

É gente, essa é a intenção do Movimento Livre, conscientizar, sensibilizar tranzendo tantas informações quanto possível pra que isso se torne realidade. A nossa parte estamos fazendo, resta saber se os ditos "normais" absorvem as informações e as transformam em realidade!

Valeu pessoal, obrigada pelo incentivo, quem ganha com isso são todos os deficientes visauis.

Grande abraço



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