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Caminho Livre para a inclusão do Deficiente Visual

 

A visão de um cego na visão de um vidente

Publicado em 11/05/2011 por Alessandra Leles em Cultura Inclusiva com 16 comentários

Iniciando descrição...Imagem mostra um trem antigo na cor vermelha. Iniciando texto principal...

Durante uma conversa sobre questões culturais e o comportamento humano, lembrei-me de um conto interessante: Apólogo brasileiro sem véu de alegoria de Alcântara Machado que nos conta a história de um cego que viaja de trem entre Maguari e Belém. Durante sua viagem o nosso personagem principal se depara com uma situação que aparentemente não lhe importaria e a partir dessa situação, se desencadeia discussões e conflitos.

O título pode causar estranheza e até o desinteresse do leitor internauta, mas além de culturalmente rico, o texto apresenta um tema atemporal e oportuno para ser apresentado neste site. Por esse motivo, o escolhi.

A visão de um cego

O personagem cego, ou se você preferir um deficiente visual é quem nos convida a uma reflexão interessante: como nos importamos com o outro, com suas necessidades e particularidades.

Devido a extensão do texto original, achei no Youtube uma dramatização deste conto interpretado pelo ator Matheus Nachtergaele exibido no programa Contos da Meia Noite da TV Cultura de São Paulo. Caso você prefira leia o texto na íntegra no site Releituras.

Contos da Meia Noite: Apólogo brasileiro sem véu de alegoria

A visão de um vidente

Os passageiros do trem de Maguari são facilmente encontrados no nosso dia a dia. Quantas vezes nos comportamos como um deles? Não precisamos de um trem, nem da falta de luz, pois essa mesma situação acontece muito e de diferentes formas no nosso cotidiano.

Resignados, muitas vezes nos calamos e até nos acostumamos com a situação.

O silêncio denuncia nosso conformismo e a falta de informação sobre como, com quem e onde reivindicar nossos direitos. Direitos? Quais? Muitas vezes nem sequer sabemos quais são. Naturalmente é mais fácil identificarmos as dificuldades e problemas de algo com que estejamos envolvidos, porém não é a única condição para tal.

Numa sociedade tão individualista como a nossa, causa estranheza quando a voz que se manifesta teoricamente não é a de quem é afetado pelo mote em questão, como o cego que se revolta com a falta de luz.

Não preciso ser deficiente visual para ser solidária à luta empregada por eles. Escrevo este texto em virtude disso, sou vidente e como qualquer outra pessoa, tenho as minhas deficiências e dificuldades. Aproveito para esclarecer a quem ainda não conhece o termo, que vidente, é toda pessoa que não possui deficiência visual.

Presenciei diversas situações em que ao colaborar na defesa de uma ideia ou grupo, fosse questionada qual era a minha motivação. Não é apenas o delegado, personagem de nosso texto, que acredita não ser verdade um cego indignar-se com a falta de luz. Ora, por que preocupar-se com algo que não lhe atinge diretamente? Por que preocupar-se com o outro e suas mazelas?

Quem é o cego numa situação como esta?

Do mesmo modo, é importante usar a nossa voz e os meios cabíveis para sermos ouvidos, vistos e respeitados. Aprendi com o pessoal do Movimento Livre, que é preciso se impor e se expor para se fazer existir e ocupar nosso merecido espaço no mundo, onde não vivemos sozinhos e nem o queremos.

Como você pode perceber, nem sempre a visão de um vidente é a visão que enxerga e nem sempre a cegueira de um deficiente visual o impede de ver as coisas.


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16 Comentários

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Ricardo De Melo disse em:

14/05/2011 - 15:25:52

Olá Alessandra, primeiramente seja bem vinda ao site do Movimento Livre!
É importante para nós, deficientes visuais, termos um outro olhar sobre as questões que envolvem nossa vida.

Quanto ao seu artigo, gostei muito do conto de Alcântara Machado e da forma com que você concluiu o artigo.

É tragi-cômico ver que não mudou muita coisa desde o conto até os dias atuais.

Parabéns pelo artigo e volte sempre!


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Irene Poeta disse em:

14/05/2011 - 16:17:24

Olá, pessoal

Que alegria ver um texto como este ser acrescidos de reflexão tão delicada e sensível.
Como é bem colocado pela Alessandra, não é necessário passar pelas agruras do outro para se sensiblizar com seu sofrimento.
Quisera eu, saber as linguas dos anjos, ou as linguas de todos os homens, quem sabe assim, fosse capaz de traduzir em palavras a alegria de saber que alguém além de nós, deficientes visuais é capaz de sentir o que sentimos. Só uma palavra que defina tal capacidade, Amor e o mais lindo deles que é o Amor fraterno.
Obrigada Alessandra por ter buscado na literatura um texto que traduzisse seu Amor fraterno por nós.
Grande abraço


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Fábio disse em:

20/05/2011 - 11:54:42

Muito bom o conteúdo que a Alessandra trouxe, enriqueceu ainda mais o site com um conteúdo que poucos sabem que existe e que ilustra bem esta questão.E que traz uma ilustração para o nosso o movimento livvre através do video muito boa.

Fábio


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Alessandra Leles disse em:

20/05/2011 - 17:41:02

Foi com muita alegria que aceitei o convite e o desafio para escrever este artigo.

Ricardo e Fabio fico feliz que tenham gostado, e você nossa querida poeta Irene, obrigada pela

sensibilidade!

Abraços


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Irene "Poeta" disse em:

25/05/2011 - 20:22:35

Ola pessoal

A sensibilidade, Alessandra querida, está dentro de todos nós, basta deixar fluir, como você fez.

Eu agradeço por dividir conosco a sua sensibilidade.

Beijos,


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Ana Paula disse em:

28/05/2011 - 20:09:13

Olá, Alessandra!

Estou imensamente feliz e emocionada

ao concluir a leitura do seu artigo de estréia.

Parabéns, não somente pelo texto,

mas também pelas reestréias diárias.


Bjus




Sucesso sempre!

Bjus


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Alessandra Leles disse em:

29/05/2011 - 13:06:18

Obrigada, Irene!!

Obrigada pessoal do Movimento Livre!!!

Conviver e aprender sobre a vida com vocês, é uma oportunidade excelente para desenvolver entre outros itens, a própria sensibilidade!

Beijos nos corações!!


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priscila disse em:

31/05/2011 - 00:45:39

olá!!!sou leitora do movimento livre e achei muito interessante esse texto,sou dv com baixa visão e muitas vezes nos calamos e fingimos não se interessar por tal coisa,fica classificado tanto para vidente como dv,precisamos lutar pelos nossos direitos e ir a luta,obrigado.


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Hideko disse em:

02/06/2011 - 10:41:05

Parabéns Alessandra!
Me fez refletir, acrescentou muito em minha vida!
Continue....

Beijos no coração,
Hideko Isawa


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Alessandra Leles disse em:

03/06/2011 - 21:30:12

Ana Paula, Priscila e Hideko

Muito obrigada pelos comentários!

Emocionar, estimular a reflexão e compartilhar opiniões e ideias: fico feliz que este artigo tenha proporcionado isto a vocês!

Continuem a frequentar o site, temos diversos temas e artigos interessantes. A participação de vocês é fundamental!!

Abraços
Alessandra


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Silmara Rinaldi disse em:

07/06/2011 - 16:39:34


Parabéns! Que estréia maravilhosa, é o início de um grande projeto, que será desenvolvido com muita dedicação e sei que tem de sobra, você merece.
Parabéns!
Muita boa sorte.
Um grande beijo
Sil


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José Luiz da Silva disse em:

07/06/2011 - 21:30:16

Parabéns Alessandra pela delicadeza com que abordou o tema. Senti ternura e um sopro de esperança no seu trabalho. Um sutil atributo à luz existente dentro de cada um de nós.
Um abraço,
José Luiz


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Alessandra Leles disse em:

08/06/2011 - 17:36:28

Silmara querida e José Luiz

Fico imensamente feliz em receber suas impressões!
Tenho grande Boa Sorte em caminhar pela vida cercada de pessoas especiais!
Obrigada a todos e ao Movimento Livre que proporcionou essa oportunidade!!

Abraços a todos


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Irene "Poeta" disse em:

13/06/2011 - 08:57:20

Olá, pessoa!!!!!

Aí, Alessandra, que estreia cheia de gente a lhe acarinhar, hein, que coisa boa.
Mas o melhor disso, é que eles estáo cobertos de razão, você é de uma ternura e sensibilidade que nos deixa encantados.
Mais uma vez, parabéns!!!!

Beijo a todos


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Marly Solanowski disse em:

24/06/2011 - 23:35:06

Olá Alessandra, só agora vejo seu texto que me permitiu a partir dos comentários ouvir insistentemente a palavra sensibilidade. Para mim esta é uma palavra fundamental para quem gosta de literatura e obtém, ao longo do tempo, um refinamento e uma sensibilidade cada vez maior demonstrada por você quando escolheu o Alcântara Machado

Você introduz o texto literário que faz pensar e provoca reflexão dos bons leitores. Penso que esse caminho iniciado por você deva continuar pois possibilita aos internautas videntes ou não entrarem para um campo sensível do comportamento humano que é produzido pela boa literatura.

Outra coisa a admirar: a inversão que você faz entre o cego e aquele que enxerga. São essas inversões que também criam bom campo de reflexão e, quem sabe, de futuras ações. Portanto, meus parabéns e boa continuidade sua nessa área sem a qual, a vida fica mais pobre e bastante limitada. Abraço da Marly


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carolina disse em:

26/08/2011 - 08:02:11

tive a oportunidadedeouvirprofessora amanda. ela edou a ela os parabems. assim todomundo tivesse a coragem de infrentae e dizeras verdades acinado carolrubia de carvalho



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